quem bebe

Seis e meia de uma terça ensolarada junto ao canto dos pássaros. Feriado vem chegando e minha função é criar, desenhar e pintar ilustrações maravilhosas para quatro livros que já estão no forno da minha prancheta, direto para as editoras. Meus deadlines estourados, esgotados, esfarrapados e destruídos gritam agonizados num inferno hilariante sob tudo o que deixou de ser lindo no início desta manhã de terça-feira ensolarada, festejada por animais que carregam a desconfiança nas asas. Tenho apenas o feriado para terminar tudo e sorrir aliviado.

Daqui há pouco pego um ônibus para a capital. Chegarei na rodoviária, enojarei tudo e pegarei outro ônibus de volta para o meu quintal, rapidinho. Sou caseiro feito tatu. Lembro de um passado não muito distante, há cada segundo, para me sentir bem. Todo aquele brilho ainda está lá. O perfume, a vida, o sorriso.

Nada mais faz sentido, mas se eu soltar esse leme, meu barco vira com toda a carga e eu não tô afim de prejudicar mais ninguém.

Malditos deadlines protocolados na calçada da fama!