quem bebe

“Faça amor, não faça guerra”, mas faça sexo, também!

Falar de amor é como sentir, por alguns instantes, a instantânea emoção de um milionésimo de segundo do primeiro momento em que se ganha um bombom, uma carta ou um tapa.

Amei, fui amado, amo e continuo assim, nesse ciclo vicioso dos mais belos, naturais e saudáveis da escala evolutiva do ser humano.

Amar uma pessoa não significa dedicar-se profundamente a esta como um totem no deserto representando todo seu poder. Isso é adoração. E não falo de amor de homem para com mulher ou de mulher para com homem. Isso não existe. Existe amor ao próximo, independente dos sexos.

Já o sexo ou o ato sexual é carnal e o amor, talvez, não deva se envolver nessas questões.
Seria outro departamento?

O amor é tão mais espirituoso, genioso, do que o ato pelo qual dois seres sentem carinho um pelo outro durante um momento de ternura carnal.

Somos capazes, como seres mundanos, de relacionar sexo ao masoquismo, ao fetichismo, à luxúria, às festas, badalações, cama, mesa, banho, fogão, tanquinho, mato, ilha deserta, carros, aviões, piscinas, duas ou mais pessoas, com animais, com ou sem camisinhas, com instrumentos, acessórios, gel, perfumes, anticoncepção, dinheiro, sustento, gozo, revistas, filmes, descrições catalogadas pela história, dor, motel, hotel, prazer, unha, carne, suor, grito, gemido, doenças, morte, procriação, cuspe, saliva, cabelo, mordaça, perversão, bobagens, palavras escrotas, carinho, tesão, excitação, ternura, tontura, depilação, foto, lingerie, sabão, cinto, algema, afeição, zelo, segurança, mistério, generosidade, amizade, fantasia, companheirismo, pecado, traição, ciúme, música, dança, movimento, bebida, comida… A lista não termina.

É complicado associar algo tão adjeto a algo tão monstruoso em sua grandeza, o amor. Este não precisa de nada. Nada além do que a sua confiança na grandeza infinita de uma força tão intensa que possa sustentar a sua paz. E essa paz é tão profunda que não há prazer no mundo que a substitua. O amor não tem sexo. Já o sexo tem sexo. O amor não tem idade, o sexo tem. O amor não tem explicação, o sexo tem. O amor não tem fronteiras, o sexo tem. O amor não tem pecados, o sexo tem. Para o amor não se usa acessórios, remédios ou discrições. O amor não tem desamor, o sexo tem. Para o amor não existe manual e nem está na medicina, porque a ciência é cética!

Então, porque dizer que faço sexo com amor? Ou que faço amor quando estou fazendo sexo? Nossa! Será que preciso dele para fazer o amor? Não vou levar esse amor para cama comigo desta forma. Nem do amor é preciso para se fazer sexo. Sexo é sexo e amor é amor. Faz-se sexo e faz-se amor.

Sexo não é amor, mas sexo, também, não é só relação carnal. Sexo é descoberta. Sexo é para se fazer, amor é para se ter.

Sexo, por ser a falta da vaidade já deixaria de ser pecado, mas insistem em torturá-lo e transformá-lo em objeto adjeto. É troca de conhecimento, de olhar. É proximidade… é amizade!

Mas, falar… Falar de amor é como sentir, por alguns instantes, a instantânea emoção de um milionésimo de segundo do primeiro momento em que se ganha um bombom, uma carta ou um tapa. Um bombom é sempre doce. Uma carta só nos traz surpresas. Já um tapa… Ah, talvez as controvérsias que causamos quando expomos assim nossas opiniões pessoais, particulares, sem pudores, sem pecados, sem análises clínicas freudianas.

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Quando o movimento hippie, nos anos 70, usou como slogan a frase “Faça amor, não faça guerra!” eles não disseram: Faça sexo, não faça guerra!

E eu digo: Faça humor, não faça guerra! Mas faça sexo, também! Ah, e previna-se. Afinal, o sexo necessita de acessórios, remédios, zelo, lingerie, toque, cheiro…

Laz Muniz - out. 2008